2.9.14

Conquistamos um novo Brasil, mas o que ainda falta?

Depois de quase 12 anos de governos petistas, o Brasil avançou muito.

Temos a menor taxa de desemprego da história, uma política consistente de reajuste do salário mínimo sempre acima da inflação, quase 40 milhões de brasileiros que ascenderam à classe média entre muitas outras conquistas.

Apesar disso, os candidatos da oposição têm insistido que a inflação está descontrolada e que estamos em recessão econômica. Até aí, nenhuma novidade. Quem tem pouco a mostrar costuma recorrer a críticas mesmo que fora da realidade.

Outra acusação frequente à presidenta Dilma Rousseff vem da candidata do PV da Rede do PSB, Marina Silva. Segundo ela, Dilma não reconhece seus erros. 

Bingo! Tá aí algo em que concordamos. 

Está na hora da presidenta assumir que temos uma política muito atrasada de comunicação institucional. O governo gasta muito, mas gasta mal (mesmo que tenha aumentado o número de contratos com pequenos veículos contratados pela Secretaria de Comunicação, a Secom) e o resultado é que, na prática, o governo espera calado por anos enquanto a mídia tradicional destroça a opinião pública com um sentimento de crise que não simplesmente não existe.

Jornalismo pé-no-tomate


Segundo dados do Ministério do Trabalho, somente no governo Dilma foram gerados mais de 5 milhões de empregos. Esse número é superior àquele alcançado pelo governo tucano: também cerca de 5 milhões de empregos, mas em oito anos de FHC por isso que o Aécio não mostra o doutor na campanha?).

Apesar disso, o noticiário sobre o governo e a presidenta é negativo. 

Analise com calma os dados coletados pelo Manchetômetro e confirme: em 2014, somente o Jornal Nacional dedicou 1 hora e 22 minutos para "notícias desfavoráveis" contra 3 minutos de "notícias favoráveis" sobre Dilma e seu governo. 

Por outro lado, Aécio recebeu quase 8 minutos de noticiário positivo (mesmo em uma atuação cambaleante no Senado) e Eduardo Campos acumulava mais de 30 minutos de "reportagens neutras" no começo da corrida presidencial.

Todo mundo sabe que a audiência do JN definha ano após ano. O recorde negativo significa menos de 20 pontos no IBOPE nas edições mais recentes.

(Quem banca as pesquisas do IBOPE, amigo navegante?)

Veja aqui alguns números e a análise feita pelo Diário do Centro do Mundo, mas considere: será que a notícia do JN-o-telejornal-mais-importante-televisão-brasileira é diferente daquela vista na Globo News? É alternativa aos temas e análises feitos pela Folha de S. Paulo? Destoa das manchetes da Veja? A resposta é um grandioso não.

Fazendo parte do mesmo grupo midiático ou estando na "concorrência" (e haja aspas aí!), a linha editorial desses veículos, publicações e programas é a mesma. Mais ou menos aprofundada; mais ou menos conservadora; mas é a mesma.

Por aí dá pra entender os motivos de um governo que tem enfrentado os efeitos da maior crise da história do capitalismo com emprego, salário e inflação sob controle apresentar uma oposição tão consistente nesse discurso lunático. O que eles falam têm embasamento no noticiário, assim pensa o eleitor.

O resumo da história pode ser melhor compreendido nesse texto de Helena Sthephanowitiz, publicado no Blog da Helena da RBA, mas no geral fica entendido assim: "Segundo IBOPE, avaliação do governo Dilma sobe e maioria (76%) se diz satisfeita com a vida. E se 30% pensam que a economia vai mal, como pode 68% acharem que sua vida estará melhor em 2015?".

Não é preciso duvidar dos números para chegar aonde queremos. No dia a dia, as pessoas têm percebido a melhora de vida, mas quando recorrem aos meios de comunicação (que ainda gozam de credibilidade), têm um noticiário extremamente negativo.

Não é preciso recorrer a nenhum tipo de manipulação para pensar em alternativas, mas fica a pergunta: o governo vai continuar errando e apoiando essa mídia?