1.7.11

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), recentemente passou por um problema pessoal que caiu na opinião pública como bomba em pouquíssimo tempo. Um acidente de helicóptero matou sete pessoas - amigos ou pessoas próximas a Cabral, como a namorada de seu filho, por exemplo.

Descobriu-se, como você vê aqui, que o governador era um dos convidados para a festa de aniversário do dono da construtura Delta, uma das que mais tem contratos com o governo do estado do Rio. A festa aconteceu na Bahia e para chegar até lá o governador se valeu de outra amizade de ouro: ninguém menos que Eike Batista emprestou seu avião para Cabral e outros convidados.

Recentemente Eike disse - enquanto contava seus dólares, certamente - que não viu problema algum nisso, pois o empréstimo "não é ilegal".

Eike Batista pode não gostar do que é ilegal ou daquilo que engorda, mas fez questão de passar alheio sobre a moral.

Aí fica a pergunta: é preciso apenas estar dentro da lei? A moralidade pode ser traduzida em palavras e parágrafos e constar na Constituição? A resposta é única: não.

O governador, que tem planos políticos grandes segundo alguns entendidos, resolveu não usar dinheiro público para fazer sua viagem (ficaria feio ter o aluguel de um táxi aéreo para seu "lazer"), mas também não botou a mão no bolso. Corrigindo: não colocou a mão em seu próprio bolso, porque no meu sim.

As empresas de Eike têm conseguido concessões significativas para realizar obras em todo o estado. O mega-empresário resolveu agradecer? Ficou feio, Eike!

E os contratos da Delta? No começo da gestão Cabral tinham valores que não chegavam a 68 milhões de reais. Hoje os contratos somam 506 milhões - um salto de 655%.

Ilegal não é, mas o que falar de alguém que "dá" esse presente a uma empresa e ainda faz uma visita? Ficou feio, Cabral!

A gente vive no país do "e daí?". E daí que eu sou governador e me relaciono com o dono da empresa que tem contratos com o governo de meio bilhão de reais?

E daí que autorizaram a construção do mega-porto do mega-empresário com mega-suspeitas? Empresto o avião sim, e daí?

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