17.8.11

Saiu melhor do que a encomenda


Ontem os telejornais da noite reproduziram diversas vezes o pronunciamento do ex-ministro dos transportes Alfredo Nascimento. Cacique do Partido da República (PR), ele tentou buscar um tom vitimizado para anunciar que seu partido não faz mais parte da base aliada do governo.

Além do discurso no Senado, repetiram-se também as reportagens que disseminavam o suposto descontentamento dos partidos que apoiam o governo Dilma.

Um dos trunfos da então candidata no segundo turno e da já empossada presidenta, a ampla maioria no Congresso parece ter começado a minar. Parece, na visão da grande mídia.

A presidenta já avisou que o combate à corrupção e as "faxinas" continuam, mas não será a mídia a responsável por pautar investigações, investigados e muito menos os "faxinados".

É aí que o PiG* treme.

Os sempre protagonistas passarão a ser aquilo que sempre deveriam ter sido: praticantes de um bom jornalismo.

Ser responsável por fazer a capa do jornal não significa determinar os esforços do governo em determinada época e assunto. Mídia é mídia, governo é governo.

E o PR, hein?!

A verdade é que a saída do PR, nessas condições, acabou por ser melhor do que a encomenda. Os votos dos seus deputados e senadores podem fazer falta, isso é incontestável. Mas é aqui que surge mais uma vez o pedido: não desista, presidenta!

Não podemos negar que a tal da governabilidade é necessária, mas essas situações parecem ter surgido para que tenhamos (nós, os brasileiros) a chance de expulsar, aos poucos, esse jeito vergonhoso de fazer política.

Analistas (do PiG* ou não) dizem que a insatisfação de partidos da base como PR e PMDB não se dão apenas por conta de demissões ou investigações nos ministérios. Dilma tem tentado, sem o sucesso que gostaria, segurar as emendas ao orçamento.

É a obra na estrada, a reforma de posto de saúde ou a construção de escola técnica capitaneada pelo deputado ou senador. Tais emendas ao orçamento garantem que o legislador se mantenha próximo ao eleitorado "fazendo algo".

À sociedade cabe o desafio, mais uma vez: mostrar a importância da competência e rechaçar a politicagem.

*O PiG (Partido da imprensa Golpista) é a denominação para toda a grande mídia brasileira, mais preocupada com o poder do que com a informação. A sigla foi criada e difundida pelo Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada.





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