21.9.11

O Brasil bem representado na ONU



Pude acompanhar com imenso orgulho a primeira participação da Presidenta Dilma Rousseff em uma Assembleia Geral da ONU, a 66ª. Dilma foi direta em todos os assuntos tratados, evidenciando a crescente liderança regional e global do Brasil e o novo enfoque que o mundo precisa ter sob si mesmo.

Dilma, por exemplo, conseguiu resumir uma visão sensata sobre as insurgências populares árabes e a participação das grandes potências políticas e econômicas nesses processos:

"É preciso que as nações encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo. Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas."

Essa parte do discurso deixa claro que a independência dos países e seus cidadãos deve estar à frente de interesses econômicos e políticos pontuais de uma ou outra potência. Usar tais movimentos para alcançar determinados objetivos (que talvez não sejam os mesmo daqueles que se revoltam) é leviano, injusto e incoerente com os novos tempos da política mundial.

Dilma foi direta também ao tratar do tema Palestina. Primeiro lamentou não poder saudar a chegada do país ao parlamento; depois condicionou a tão desejada paz na região ao reconhecimento do estado palestino: "Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional."

A crise econômica inciou a participação da Presidenta. Dilma praticamente conclamou os governantes do mundo a unirem-se em torno de uma iniciativa legítima que possibilite a solução da crise: "Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores ou sairemos todos derrotados".

Apesar do tom diplomático e subjetivo dessa parte do pronunciamento, a Presidenta cavou espaço para ser mais assertiva e mandar o recado àqueles que precisam ouvi-lo: a regulação do sistema financeiro, qualificado por Dilma como "fonte inesgotável de instabilidade".

Essa temática é de imensa importância e também bastante atual, uma vez que diversos países da Europa parecem ter chegado à conclusão de que impostos sobre as movimentações e ganhos especulativos são apenas uma parte daquilo que pode dar fim à crise e a vulnerabilidade dos países.

Soma-se a esse alerta outra parte importante do discurso: "Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países". Esse protagonismo que o Brasil anseia e ao mesmo tempo tem colocado nos últimos anos, sabe-se, não nasce com a eleição do Presidente Lula em 2002. Mas há de se reconhecer que se o caminho escolhido pelos brasileiros tivesse sido outro não teríamos condições de aproveitar tais mudanças na geopolítica mundial.

Sobre o tão desejado assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (uma luta iniciada com o Presidente Lula e o então Ministro da Relações Exteriores Celso Amorim) também esteve presente na fala da Presidenta, que destacou a necessidade de tal Conselho refletir a realidade do nosso tempo (mais plural e menos polarizado), garantindo que o Brasil está pronto para assumir as responsabilidades como membro-permanente.

Por fim, Dilma (talvez sem querer) mandou um recado ao PiG* e àqueles que querem tornar vergonhosa a história de lutas da Presidenta:

- Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade.

O discurso completo da Presidenta Dilma Rousseff você pode ler aqui ou assistir em vídeo abaixo.



*O PiG (Partido da imprensa Golpista) é a denominação para toda a grande mídia brasileira, mais preocupada com o poder do que com a informação. A sigla foi criada e difundida pelo Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada.

Um comentário:

Thaissa disse...

Namorado, eu tenho muito orgulho de você! Você escreve tão bem, sabe expressar tão facilmente suas opiniões. Um dia eu quero ser assim também! =)

Sucesso sempre!

Muitos beijos!