21.9.11

Milton Santos e a "violência da informação"


Milton Santos foi um daqueles brasileiros que todos nós deveríamos nos orgulhar. Negro e nordestino, tornou-se um dos grandes intelectuais deste país e revolucionou o pensamento geográfico mundial. 

Bacharel em Direito e Doutor em Geografia, o professor Milton Santos faleceu há dez anos. Sua última publicação foi "Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal" (Editora Record) e trouxe a esse mero professor escolar de Geografia que vos escreve uma grata surpresa. Aquele que eu consideraria um tema atual, aparece no livro de Milton com enorme propriedade crítica.

Se o professor estivesse vivo, talvez seria um dos maiores entusiastas de campanhas que pedem a democratização da internet e um novo marco regulatório dos meios de comunicação no Brasil. A urgente necessidade de tornarmos protagonistas aqueles que até então são meros receptores, leitores, ouvintes ou telespectadores, e a consciência de que informação atualmente é negócio, com interesses e visões de lucro está em sua obra.

"O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. (...) nas condições atuais de vida econômica e social, a informação constitui um dado essencial e imprescindível. Mas na medida em que chega às pessoas, como também às empresas e instituições hegemonizadoras, é, já, o resultado de uma manipulação, tal informação se apresenta como ideologia."

Sábias e lúcidas palavras. Uma visão que ainda é de enorme dificuldade para ser compreendida, já que muitas vezes tudo acaba sendo reduzido a "discurso de esquerdista" ou "de revolucionário". 

Para as grandes corporações da comunicação, não há espaço para ideias e críticas que reprimam e condenem suas atuações. Os interesses delas não é o mesmo interesse da maioria da população mundial; os que lutam por um mundo melhor e mais justo não tem os mesmo objetivos que elas.

Por fim, outra parte do texto do professor Milton Santos:

"As mídias nacionais se globalizam, não apenas pela chatice e mesmice das fotografias e dos títulos, mas pelos protagonistas mais presentes. Falsificam-se os eventos, já que não é propriamente o fato o que a mídia nos dá, mas uma interpretação, isto é, a notícia. (...) O evento já é entregue maquiado ao leitor, ao ouvinte, ao telespectador, e é também por isso que se produzem no mundo de hoje, simultaneamente, fábulas e mitos."

Para saber mais sobre a obra e a vida do professor Milton Santos, acesse sua página oficial.



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