19.10.11

#ClássicosEmSJ - Futebol e politicagem

Por melhor estruturada que seja e por mais audiência que tenha, a mídia esportiva brasileira gera mais conteúdo sobre politicagem do que sobre os esportes em si, especialmente o futebol.

Segundo esta matéria de O Dia que acabei de ler no NetVasco, o histórico estádio de São Januário continuará sendo preterido pelas forças de segurança pública do estado do Rio de Janeiro para a realização de  clássicos regionais, como o jogo contra o Botafogo pelo Campeonato Brasileiro que acontece daqui há quatro rodadas.

O Vasco, embora seja o único clube grande do Rio com estádio próprio é o que menos joga em casa. Eu, vascaíno, tenho o demérito de ter estádio. Os confrontos contra Botafogo, Flamengo e Fluminense, ainda que com mando de campo cruzmaltino, são obrigatoriamente realizados em estádios maiores e (supostamente) mais estruturados para um clássico.

São Januário tem capacidade para 19 mil presentes. A Vila Belmiro, estádio do Santos, tem capacidade para 15 mil e recebe clássicos contra o Corinthians e Palmeiras, por exemplo. Falta consenso entre as autoridades. 

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, através do batalhão GEPE (Grupamento Especial de Policiamento nos Estádios), é quem desautoriza jogos no estádio do Vasco com a explicação de que São Januário não oferece segurança. Dúvida: se a PM é quem tem que garantir a segurança dos torcedores, não cabe ao Vasco a responsabilidade de provar que é possível. E mais: a realização de jogos no Engenhão ou no Maracanã não impediram a marcação de brigas entre torcidas em lugares distantes de onde o jogo seria realizado.

A entrevista do tenente-coronel Fiorentini é confusa. Ele tem pareceres relativos:

O acesso é complicado, a capacidade é pequena, e, se posso colocar um jogo com mais segurança no Engenhão, por que levá-lo para São Januário?

Honestamente não considero o acesso ao Engenhão mais fácil, tampouco seguro. Embora exista a estação de trem muito próximo ao estádio, não existem locais devidamente seguros para que as torcidas rivais possam se localizar sem encontrar-se. Além disso, mesmo sendo "contra-mão" São Januário e o seu entorno já fazem parte do cotidiano dos vascaínos que frequentam o estádio.

Outro argumento utilizado pelo tenente-coronel e que me reservo no direito de achar equivocado:

Um dos principais obstáculos é que no primeiro turno, quando o mando foi do Botafogo, o Vasco ficou com a metade da renda. Se o jogo fosse para São Januário, o Botafogo seria prejudicado porque só pode ter 10% de torcedores no estádio.

O (apenas) responsável pela segurança dos torcedores fazendo papel de cartola? O que este senhor tem de propriedade ou responsabilidade para falar sobre divisão de renda? Nada. E mais: que fique claro que a divisão igualitária da renda do jogo Botafogo x Vasco foi vantajosa para o time mandante, que tinha monstruosa inferioridade de torcedores em relação ao lado vascaíno, além de ser lógica e tradicional entre os clubes do Rio.

Por fim, ao comparar o caso da Vila e de São Januário, o responsável pelo GEPE fala que os jogos em Santos são autorizados por "questão de cultura". Ora, meu caro! Você não sabe que São Januário é um  dos estádios mais antigo desta cidade? Manter a "cultura" do santista jogar em casa, pode; a do vascaíno, não.

A autoridade do tenente-coronel Fiorentini é incontestável, mas quem gosta de futebol ou é vascaíno exige mais transparência e coerência em decisões como essa.

O Vasco, atualmente, é vice-líder do Brasileirão com a mesma pontuação do Corinthians, primeiro colocado. Temos chances reais de sermos campeões, assim como o Botafogo. Isso é suficiente para fazermos justa a realização, de fato, de um campeonato de ida e volta. 

#ClássicosEmSãoJanuário
#ClássicosEmSJ 

Em tempo: este simplório blog está preparando, para muito em breve, uma série de postagens em que vamos pensar e discutir o futebol brasileiro em um dos seus temas mais polêmicos: a transmissões dos jogos pela televisão. Mais politicagem, impossível. 
  

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