4.12.12

Após abrir o cofre, Globo cobra "juros de agiota" por valores pagos pelos direitos de transmissão

Informações publicadas no UOL, da autoria de Renan Prates.
Veja em http://va.mu/bRIu

Depois de firmarem contratos cedendo os direitos de transmissão por valores nunca praticados por aqui (inflacionando o mercado brasileiro com contratações caríssimas, por consequência, entre outras), os clubes de futebol receberam um chamado direto da direção da emissora que transmite o Campeonato Brasileiro em TV aberta com exclusividade. 

Marcelo Campos Pinto, diretor do departamento de esportes da Globo, participou do Prêmio Craque do Brasileirão, realizado na noite desta segunda-feira (03) em São Paulo, e certamente causou mal-estar entre dirigentes e atletas com declarações nada amistosas para o clima da festa:

– A CBF, os clubes, os parceiros televisivos, todos têm o dever de fazer uma transmissão que não deixe nada a desejar para o primeiro mundo - disse ele mostrando profundo desconhecimento da geopolítica atual. "Primeiro mundo"? Em 2012?

Ele não parou por aí. Falou sobre o credenciamento "não tão organizado" para a prática do jornalismo de campo, aquele de entrevistar o jogador recém-saído de campo.

– Temos a missão de fazer um credenciamento que permita a locomoção dos detentores de TV de forma clara e transparente, para que todo mundo cumpra o seu papel.

A Globo, auto intitulada defensora do jornalismo livre e da democracia, acha que o craque do time tem que dar preferência aos seus repórteres na hora da entrevista porque tem os direitos de transmissão dos jogos. Se o torcedor preferir acompanhar seu time pela rádio da concorrente, pode ficar sem ouvir o jogador. Pagou, levou? Nada democrático...   

Por fim, falou em valores pagos. Aliás, essa é uma prática comum na direção da emissora quando esta quer demonstrar seu antigo apoio (?) e interesse no futebol brasileiro. Cifras são frequentemente divulgadas, mas daquele jeito Globo: diz quanto paga, não quanto ganha.

– A Globo vai investir mais de R$1,5 bilhão em competições de futebol no ano que vem. 

No contrato válido para o triênio 2011-2013, a Globo pagou aos clubes pelo Campeonato Brasileiro em pacotão (TV aberta, SporTV, pay-per-view, internet, celular e placas de publicidade no campo) algo em torno de R$1,5 bi - ou média de R$500 mi por ano. Segundo estimativas do mercado publicitário, só os contratos para a TV aberta rendem à emissora R$800 mi/ano.

Assim sendo, já que os valores são colocados como argumento, surge a pergunta: por que a Globo não pagou mais caro aos clubes pela exclusividade no credenciamento que quer impôr de graça? Por que exercer pressão sobre uma condição que consta no contrato?

Parece que a Globo resolveu fazer valer o inexistente direito adquirido por ter pago caro pelo futebol. É como agiotas que cobram o que sequer é permitido por lei. 



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